Acho que sou boa no baralho por 'culpa' do meu pai. Ele me ensinou a jogar quando eu ainda tinha uns 7 anos. E jogava comigo toda noite, depois que chegava do trabalho. Não só baralho... ele foi um pai muito presente na minha vida (e ainda é), e jogava comigo tudo que eu quisesse. Baralho, dominó, dama, trilha, jogo da velha... e jogava até um joguinho besta que eu tinha aprendido na escola, que era de ligar uns pontinhos... Hoje acho muito chato esse joguinho, e fico pensando que talvez ele também achasse chato, mas ele sempre jogava.
Só durante minha fase de 'aborrecente' foi que a gente se afastou um pouco. Eu fiquei muito rebelde e me afastei não só dele, mas de todo mundo. Mas logo voltei ao normal.
Depois teve a fase do 'Tetris'. Era aquele joguinho eletrônico, muito massa. Aí a gente ficava tentando quebrar o recorde um do outro. Até o dia em que ele fez 23 milhões e eu nunca mais consegui alcançar. Mas aí eu já tinha 17 anos.
Lembro também quando comecei trabalhar... eu ia e voltava com ele do trabalho todos os dias. Ele sempre passava no 'boteco tomar uma' antes de ir embora, o que me deixava enfurecida quando tinha aula, pois acabava chegando atrasada.
Mas nas férias, eu sempre ia com ele, pois nos fundos do 'boteco do Nivaldo' (Deus o tenha... era muito querido), tinha um campo de Bocha. E a gente sempre jogava, quando não, eu via ele jogar, enquanto tomava uma coca e comia o delicioso espetinho que o Nivaldo fazia. O Nivaldo não vendia espetinhos, como geralmente dono de boteco faz. O Nivaldo fazia uma vaquinha (a gente dava um real pra ele) e ele fazia o espetinho pra todo mundo comer. E a gente comia bastante! De vez em quando ele pedia um pouquinho a mais, pra fazer uma Feijoada ou algum prato diferente. Era muito legal, eu ainda não tinha anorexia, então comia tudo que ele fazia (até as coisas consideradas mais nojentas...)
Meu pai tomava umas cervejas, jogava umas partidas... e aí íamos embora.
Foi engraçado essa fase da minha vida em que eu sentava no boteco do Nivaldo e ficava lá com meu pai. Às vezes, eu ficava sozinha (sem meu pai) no boteco enquanto ele ficava nos fundos, jogando Bocha. Todos os frequentadores do Boteco me respeitavam muito, e era muito divertido. Tipo, seria o lugar onde, por padrão social, deveria acontecer coisas ruins, tipo, algum conhecido me cantar, ou algum bêbado tentar passar a mão em mim... mas foi um dos poucos lugares onde não recebi nenhuma cantada nem fui tratada com falta de respeito.
Nos fins-de-semana, minha mãe ia junto. Aí iam todas as mulheres de todos os jogadores de bocha e todo mundo jogava. Domingo o Nivaldo fazia frango assado pra vender, mas às vezes ele dava um pra gente comer enquanto todo mundo jogava.
Foi uma fase legal, da qual tenho muitas saudades. Depois fui morar sozinha, e só via meu pai nos fins de semana (nem todos). Essa fase foi bem complicada... e prefiro esquecer.
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