segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Veneziano x Trevigiano

Ligando para a Secretaria de Urbanismo Veneziano:

(eu) - Bom dia!
(eles) - Silencio
(eu) - Por favor, gostaria de saber o horario de funcionamento de voces...
- Tà là no site.
- Acho que o site està com problemas, porque nao tem.
- No edificio da prefeitura eles informam.
- Mas voce nao pode me dizer?
- (bufando) Terça das 15 às 17 e quinta das 10 às 12.
- E qual è o endereço de voces?
- (Perdendo a paciencia!!) Jà disse que a senhora encontra todas as informaçoes no site ou na prefeitura!
- Mas jà que eu estou falando com voce, nao poderia me dar o endereço?
- (quase gritando) Eu sou secretario do Ufìcio Urbano, nao navegador!

Desliguei na cara dele.


Ligando para a Secretaria de Urbanismo de Treviso:

(eles) -  Bom dia, em que posso ajudar?
- Bom dia! Eu gostaria de saber o horario de funcionamento de voces...
- Segunda das 15 às 17 e quarta das 09 às 11.
- E qual o endereço?
- A senhora vem da onde?
- Venezia
- A senhora pega a estrada que liga Treviso ao litoral, quando passa pelo centro da cidade, em frente ao blablablabla tem uma estrada, a senhora vira à direita atè o blablablabla, daì a senhora anda uns 300 metros e vai ver um prèdio amarelo com arcos goticos blablablablabla, è aquele ali! A senhora pode estar tranquila que bem na frente do prèdio tem um estacionamento gratuito onde a senhora pode estacionar o carro. Nao è dificil de achar, qualquer coisa tambem, se a senhora tiver dificuldades, è sò perguntar! Ah, espera... a senhora tem navegador?
- Sim
- Entao escreve o endereço aì que è mais fàcil hahahhaha
- Ok, obrigada
- De nada, tenha um bom dia.

Perceberam a sutil diferença?
Eh por isso que eu 'aaaaaammmmooo' meus queridos venezianos!!


sábado, 25 de agosto de 2012

2 coisas que eu odeio no italianos

1. Nao saber fazer fila
Em qualquer lugar que a gente và (supermercados, açougues, padarias, etc) tem sempre uma maquininha que distribui senha, como se fosse SUS. Eu nao entendia o porque disso atè ir a um lugar onde nao tinha e ver o caos reinar absoluto. Italiano nao sabe fazer fila, acho que nem sabe o que quer dizer a palavra fila.

2. Parar nas portas e saìdas
Voce vai a um shopping e ve a cena: Centenas de metros quadrados disponìveis em todo lugar pra onde voce olha... mas os italianos estao là, parados em um grupinho batendo papo BEM na frente da porta. O pior è que nao adianta todo mundo passar e dizer "permesso", "permesso", "permesso"... eles nao se tocam e nao saem. O mesmo acontece na escada rolante... em 4 anos de italia nunca cheguei em uma escada rolante que nao tivesse um grupinho batendo papo na entrada ou na saìda dela.

Eu sei que essas coisinhas nao deveriam me incomodar, mas incomodam.
Me incomodam porque nao è como no Brasil, que tem uns e outros que fazem isso. Aqui TODO MUNDO faz isso O TEMPO INTEIRO. Incomodar, perturbar e desrespeitar os outros faz parte da cultura italiana exatamente como a pizza.

Se eles podem fazer algo para te ajudar, com certeza nao irao fazer.
Se eles NAO PRECISAM fazer algo que vai te importunar, com certeza irao fazer.
Porque italiano è assim... sò è feliz se estiver berrando, gesticulando, incomodando, brigando. Ah, e claro, resmungando.

E eu, è claro, como voces podem ver, estou ficando igual! huahuahua


terça-feira, 14 de agosto de 2012

A visita

Atualizaçao: Menos de 3 meses apòs essa visita, a Ma faleceu. A falta que ela me faz nunca serà preenchida... mas fico feliz e honrada por ter estado ao seu lado quando ela realizou o maior sonho de sua vida: andar de gondola em Veneza.
...........................

Eu tava suuuuper nervosa com a visita da minha amiga da minha cidade natal, là do interior do Paranà. Nao sò porque faziam 12 anos que nao nos vìamos, mas tambem porque era a PRIMEIRA vez em toda a minha vida em que eu fazia o papel de anfitria (na verdade nem sei se è assim que escreve). 

Quando eu morava sozinha là em Ivaipora, minha casa nao tinha condiçoes de receber ninguem! Depois me casei e morei em casas super grandes e confortàveis... mas meu ex marido nao gostava de receber visitas (inclusive meus pais) e entao nunca recebi ninguem -  a excessao de meus pais que em 5 anos de casamento almoçaram em minha casa 1 (uma) vez.

Aì me divorciei, voltei a morar com meus pais e algum tempo depois fui morar com o Tatu, que gostava de receber visitas mas tinhamos a casa muuuuito pequena.

Depois vim parar em Venezia, com uma casa pequena - mas com capacidade para 1 visitante ou 1 casal - e com o Henry que gosta de receber visitas mas... perdida aqui em Venezia quem è que viria me visitar nèam?
Pois è... mas aì a Maristela (ou Maria Istêla, como diz o Henry) que mora em Paris resolveu vir me visitar! A visita era esperada desde o ano passado, mas bem na època infelizmente seu irmao sofreu um acidente e faleceu, foi um choque para todos nòs.

Neste ano a gente nao planejou muito, ela me disse pelo face uma semana antes que estava querendo vir à Italia, eu falei com o Henry e voilà! Uma semana depois fui fazer ela passar vergonha buscà-la no aeroporto:
Depois dos choros e risadas, a primeira frase, dita quase que simultaneamente, foi inevitàvel:

"Ehhhh.... quem viu 'nòis' vendendo gasolina poderia um dia imaginar que doze anos depois nos encontrarìamos em Venezia??" HUAHUAHUAHUA

Conversamos, fofocamos, brincamos, passeamos por Venezia, passeamos de Gondola (que era o sonho da Mà desde aquela novela "Por Amor"), enfim... foi um fim de semana maravilhoso!


 O tiozinho "gondoleiro" tava meio alto e tava loquinho pra lascar um beijo na Ma! heheheh




 >>>> Pausa para uma foto que eu fiz nao sei quantas vezes pra mostrar à voces e sempre me esqueci: <<<
 (O bar se chama "Coca Cola" e "escreveram" o nome com os pombos da Piazza San Marco! Acho muuuuito dez essa foto!) 

Enfim, foi muuuuuuito bom! O Henry "se tocou" que precisàvamos de espaço e privacidade pra colocar as fofocas de 12 anos em dia e passou o fim-de-semana na casa dos pais, sò dando uma passadinha para conhecer a "Maria Istêla" no domingo de manha, quando fomos todos juntos tomar cafè da manha em uma Pasticceria aqui perto:


  
>> FIM <<

Beeeeijos a todos voces! Bom Ferragosto pra quem tà na Italia!


segunda-feira, 30 de julho de 2012

Acumulador de coisas

Aqui na Italia tà passando uma serie feita em forma de documentario que mostra a casa daquelas pessoas que tem mania de guardar tudo. Acho que se chama "Soterrados em casa" ou alguma coisa assim. Todas as pessoas da sèrie tem a casa completamente amuquinhada de coisas velhas, quebradas e inuteis, tanta coisa que dentro da casa nao se pode nem caminhar direito. Os donos da casa começam fazendo um tratamento psicologico, para depois dar inicio à limpeza da casa.

Mas por que eu toquei no assunto?

Porque, gente, eu tenho certeza que o Henry è uma dessas pessoas.

Essa semana vem uma amiga brasileira que està na França passar o fim-de-semana aqui e ... a casa estava SEM CONDIçOES de receber visitas.

Tipo assim: A estante da sala, ao inves de ter pequenos enfeites e retratos, estava entupida de revistas, jornais, caixas etc. Tudo coisa velha, que eu falo pro Henry "Joga fora, nao te serve!" e o Henry responde "Mas pode servir um dia" ou "Mas eu me apeguei" ou "mas tem tanta historia essa caixa...". Sabe gente, eu nao sei mais o que fazer. E o pior è que as coisas que ele acha que "pode servir um dia" sao coisas que eu SEI que nunca irao servir, porque ou sao caixas de celulares que jà nem existem mais ou catàlogo de mòveis de dois ou tres anos atràs. E eu falo que as caixas sò ocupam espaço, e falo que as fabricas de moveis todos os anos fazem catalogos novos, mas a criatura nao desapega.

Outro dia eu comprei uma bolsa porque a minha tava velhinha demais. Eu amava aquela bolsa, era uma levis que eu tinha comprado antes de sair do Brasil, mas ela estava um farrapo. Entao comprei uma bolsa nova e, como num ritual de despedida, beijei a levis e falei "Adeus bolsinha". O Henry ficou desesperado:
- O que voce vai fazer??
- Vou doar pra caridade.
- Naaao, guarda ela!
- Mas nao me serve mais!
- Mas guarda, guarda... quanta coisa voce jà passou com essa bolsa!
Entao gente, aì eu começo a me preocupar seriamente. 

Tambem notei que em toda mudança no guarda-roupa de verao/inverno eu doo um monte de roupas, coisas que estao velhinhas ou que sao novas mas que em 1 ano nunca usei. Se nao usei em um ano, provavelmente nao vou usar, entao pra que guardar? Jà o Henry nunca deixa eu doar nada seu. Nosso guarda-roupa tem 6 portas, e 4 delas è de uso exclusivo do Henry. E eu falo: Nao tem mais espaço nem pra um fio de cabelo!

Alèem do guarda-roupa, quase todas as roupas que tem embaixo da cama (no baù) è dele tambem. O armario dele na casa dos pais ainda tà cheio de roupas, e o armario de 6 portas na garagem do pais està entupido de roupas suas. Ele tem roupas que comprou e nunca usou (e se nao usou em tres anos que estamos juntos... quando è que vai usar??), roupas de quando ele era gordo (que ficam absurdamente grandes e nao dà pra usar) e roupas de quando ele era absurdamente magro (calças que atualmente nao passam nem no joelho). Eu falo sempre: "Tanta gente precisando de roupa e voce aì, com tres armarios cheios e nao usa nem 1/4 do que tem!". A resposta è sempre a mesma: "Um dia eu posso usar!". E as coisas ficam là.

Aqui em casa nao tem espaço pra mais nada: eu deixei atè de comprar livros, sò to pegando emprestado na biblioteca, porque juro pra voces, nao tem onde colocar!
E enquanto eu faço greve de compras, a criatura compra, compra, compra...

Hoje fiz uma limpeza: Sò deixei as revistas de caça, off road e direito. As outras joguei tudo fora.
Tinha uma portinha na estante que tava cheia de caixinhas (de relogio, celular, telecamera, etc). Eu achava que estavam com seus respectivos aparelhos mas aì hoje, quando eu abri, sò tinham as instruçoes dentro. Prestei atençao e reparei que eram todas de coisas que ou jà quebraram, ou jà perderam a garantia, ou a gente usa todo dia. Cara, se voce usa um relogio TODOS os dias... pra que guardar a caixa???
Foi TU-DO pro lixo, sem dò nem piedade!

Notei uma coisa: o Henry nao sabe jogar fora as coisas! Nao falo sò de caixas, revistas e coisas que ele se apega, falo de TUDO. Por exemplo, quando a pasta de dente acaba o que uma pessoa normal faz? Abre uma nova e joga fora a caixa da nova e a pasta velha. O Henry nao. As vezes ele muda tudo de lugar no armario do banheiro pra arrumar um lugarzinho pra caixa vazia ... e eu falo: "Cara, è mais facil jogar no lixo!" Ele sò ri.

Acabam os biscoitos? A embalagem volta vazia pro armario.
Acaba o cafè? A caixa volta vazia pro armario.
Meu, nossos armarios sao tao cheios, mas taaaaao cheios que eu asseguro voces que è mais facil jogar no lixo do que arrumar lugar no armario para as embalagens vazias.
As vezes eu atè falo: Deixa em cima da mesa que eu jogo fora!
Mas naaaaao. Criatura adora guardar embalagens vazias nos armarios.

No começo eu ficava louca, todo dia controlando tudo e vendo onde tinha embalagem ou caixa vazia pra jogar fora. Depois larguei mao, stressante demais.

Hoje fui dar uma limpa no seu armario no banheiro e, embora o armario seja pequeno, tirei de là 2 bolsas CHEIAS de embalagens vazias.
Sabem quantas bolsas (entre revistas, jornais velhos e caixas vazias) eu tirei da estante hoje? Quatro. QUA-TRO!!
Quero ver quando ele chegar e ver que joguei tudo fora. O bicho vai pegar.
To nem aì ò.
Nao dà pra viver assim, nao.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Nem tao tecnologica assim

Hà algumas semanas atràs minha filha me deixou esse recado no orkut:

"mamae posso fazer um facebook? Te amo, bjus"

Ai.

Eu enrolei, enrolei e enrolei... igual quando ela pediu pra fazer um orkut, hà dois anos atràs. Enrolei muito atè que hà uns 6 meses atràs minha mae, meu irmao e minha cunhada garantiram: ela sò ia entrar no orkut com a supervisao de um deles. Mesmo assim nao gosto disso e nao confio de jeito nenhum. Todo dia vou no orkut dela pra ver o que tà rolando, se tà tudo ok. Sa'comè... mae que è mae sò acredita vendo!

Aì hoje eu entro no facebook e vejo minha mae là! 
Minha mae, a dona Marli, no facebook! Quando fui ler o perfil, o susto: na escolaridade tava escrito "majesterio" (magisterio). Ui!
Liguei na hora, pra ver o que era aquilo!

- Mae, a senhora fez um perfil no facebook?
- Foi a Duda que fez! (Duda è uma sobrinha da minha mae que tem 9 anos)
- Ela escreveu "majesterio"...
(risos)
- Arruma aquilo là mae... vao pensar que a senhora è burra!
- Vou arrumar. Peraì que a Mel quer falar com voce!

- Oi mamae! Posso fazer um facebook?
- Filha, me desculpa meu amor, mas eu acho que voce è muito pequena pra ter facebook!
- E msn?
- Tambem nao.
- Twitter?
- Nao, filha.
- Picasa? Blog? Youtube?
(Pàra, pàara... Muita informaçao, muita informaçao, MUITA informaçao... cerebro da mamae dando TILT... )
- Filha... (respirando muito pausadamente) pra que voce quer tudo isso?
- Errr... hum... han...
- Voce sabe pra que servem essas coisas?
- Errr... hum... han...(risadinha sem graça)... nao... Pra que serve, mamae??

Huahauahuahua

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Como fazer o Henry ter um ataque do coraçao (2)...


Eu fui na garagem, esvaziei um balao de helio inteiro na boca, cheguei bem de mansinho atràs da criatura - que tava concentrada no computador - e gritei:

- Mamma... Maaaamma.... (*)

- AAAaaaahh!! - (...pausa para o Henry respirar segurando o coraçao) - Strooooonza! Mai più fare questa roba, mai più!! (Retardada! Nunca mais faça isso, nunca mais!!)

rsrsrsrs Tà, eu nao presto. Sèrio. Mas juro que foi uma das coisas mais divertidas que jà fiz na vida!   = )

(*): O "mamma" foi a frase escolhida porque existe um castelo em algum lugar por aqui onde dizem que uma menina foi brutalmente assassinada centenas de anos atràs. Dizem as màs linguas que às vezes ainda dà para escutar a menininha chamando "mamma... mamma". Um amigo do Henry esteve no castelo e ficou alguns meses meio desequilibrado dizendo que escutou a menina e que continuava sonhando com ela! 
O Henry mor-re de medo dessa història!

Eh... foi crueldade, eu sei. 

terça-feira, 10 de julho de 2012

Vexame

A cena:

Eu pego o telefone e disco um numero, do outro lado da linha alguèm diz bom dia e eu vou logo falando:

- Bom dia, eu gostaria de saber se voces tem cartolina ondulada na cor azul, gramatura 200grs com o verso da mesma cor. O tom de azul que eu estou procurando è o "blu ete", aquele "blu" quase preto nao me serve e tambem tem que ter...

- Um momento minha senhora! A senhora ligou para um Hospital!

- Anh??? Come??


huahuahuahua

Vexame, a gente ve por aqui.

sábado, 7 de julho de 2012

Gente, o Henry tà sem noçao!

- Henry, tà tudo certo pra viagem à Floripa, falta sò vc ver as fotos da pousada pra eu confirmar.
- Afff! A gente tem mesmo que ir pra Floripa?
- Mas foi voce que disse que queria ver a Lagoa da Conceiçao, criatura!
- Ehhh... mas sò porque voce fez muita publicidade! Eu queria mesmo era ir ao Rio!

2 dias depois...

- Henry, vem olhar a foto do Hotel no Rio pra ver se vc gosta...
- Nao quero Hotel, quero pousada.
- Mas no Rio a gente sò vai ficar dois dias!
- Se è pra ficar em Hotel eu nao vou!
- Tà bom, melhor pra mim, assim a gente vai pra Floripa...

1 dia depois...

- Rony, vem ver! Achei a pousada perfeita! Olha que gracinha, chama "Favelinha"!

A criatura fica toda feliz porque achou a pousada bem do jeitinho que queria: no meio de uma favela em um dos morros do Rio de Janeiro! 

Mas voces pensam que ele se acontenta? NAAAAO

Hoje de tarde...

- Olha sò Rony: tem algumas pessoas que te levam pra fazer um Tour dentro da favela todinha!

E assim eu vejo tudo: pousada, favela tour e passagens. Jà tà tudo decidido, sò falta ligar pra reservar. O Henry enfim vai conhecer o Rio e o sonho da sua vida: a favela carioca

Ele podia se conformar mas voces pensam que ele se acontenta? NAAAAO

10 minutos atràs...

- Rony, eu tava pensando...
- O que?
- Essa favela aì onde eles vao levar a gente  è completamente segura porque tà em "paz" nè?
- Sim, ela jà foi "pacificada".
- Hun... 

A criatura poe a mao no queixo, olha pra cima e fica pensando... 
Eu concluo que ele tà tomando juizo, enfim entendendo os riscos que corre... ... E aì a criatura solta a pèrola:

- Mas eu quero ir a uma favela que ainda nao foi "pacificada"!

- Ou seja, tà querendo tomà bala perdida a qualquer custo mesmo, nè nao, abestado?

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Sò porque tenho sobrenome alemao... (Atualizado)

... sou nazista!
Vamos ao causo:

Tem um restaurante brasileiro aqui na Terraferma onde o churrasco era um arraso. Tipo, o churrasqueiro, brasileiro, fazia uma carne que era uma perfeiçao. Semana passada fomos ao restaurante novamente e...

... Quando chegamos no restaurante jà vi que o churrasqueiro era outro: era um garoto indiano.

Abre parentesis:
Vejam bem, mas vejam MUITO bem mesmo, senhoras e senhores: nao uso o termo "indiano" como ofensa. Eh a nacionalidade do cara. Eu poderia ter dito: "era um alemao" ou "era um japones", de acordo com a nacionalidade dele. Aqui na Italia dà pra perceber a nacionalidade de quase todo mundo porque aqui nao teve a miscigenaçao que teve no Brasil, entao quando as pessoas usam a nacionalidade de uma pessoa para falar dela, nao è um ato ofensivo, è... como posso dizer, um referimento. Nao è como no Brasil, que o povo diz: "Eh um argentino" e o povo jà faz aquela careta.
Por exemplo, aqui no prèdio eu sou a "brasileira": "Voce sabe se a brasileira tà em casa?" 
E a senhora que mora na frente de mim è a "russa": "Eu guardei a correspondencia da russa porque tava caindo tudo no chao, quando ela chegar voce avisa que tà comigo?"
 Entenderam?
Aqui eu nao sou a "Rony que trabalha com baloes", eu sou a "brasileira que trabalha com baloes". Eu nao ligo, quando eu reclamo do preconceito das pessoas nao è disso que eu to falando.

Fecha Parentesis

Entao, voltando ao assunto, o novo churrasqueiro è indiano mas sò que ele nao tem a menor ideia de como se faz e serve um churrasco. Entao ele trouxe carne cru - que encheu nossos pratos de sangue-, depois trouxe carne tao passada que a gente nao conseguia morder, depois trouxe o doce no meio do rodizio, e depois voltou com a carne de novo. A impressao que eu tive foi que os donos do restaurante pensaram "ele sabe fazer kebab, churrasco è a mesma coisa" e jogoram o pobre coitado là, sem explicar o que era rodizio, nem como funcionava, nem como servia, nem nada. O rapaz atè tinha boa vontade e era muito simpatico... mas nao sabia nada de churrasco.

A noite foi passando e... voces sabem... eu tenho pobrema, nè gente? 
Eu falo de menos. Sabe aquela gente que fala, fala, fala sem pensar no que tà falando? Entao, eu sou o contrario: eu falo pouco porque falo mais devagar do que penso. E eu  ESCREVO MUITO... mas è porque eu escrevo no PC mais rapido do que falo. Deu pra sacar? Eh assim, ò:

Escrita > fala
Fala < pensamento

Ou seja, eu ESCREVO mais rapido do que FALO. 
Ou seja, se eu tiver que contar uma historia longa, è melhor eu escrever ela, que assim eu termino antes. turum-dum-thisssss (para os mais lerdos desinformados, è o som da bateria no final da piada)

Bom, mas o lance è que eu PENSO, CHEGO A UMA CONCLUSAO na minha cabeça, penso que a pessoa escutou o que eu pensei e aì sò falo a parte final... o que quase sempre dà bosta!

Entao, quando eu tava pagando a conta do restaurante e tinha entendido que o menino indiano tinha sido colocado là sem nenhum treinamento, eu fui pensando: 

"poxa, se eles nao queriam ensinar ao funcionario como fazer churrasco, era sò contratar um brasileiro... todo brasileiro sabe fazer churrasco!... nao, Rony, nao è verdade... sim, nao è verdade, mas todo brasileiro jà comeu churrasco e ao menos sabe como deve ser feito, sabe quando a carne tà crua ou cozida... sabe que o doce sò è servido depois que o rodizio acaba, porque è dificil o brasileiro que nunca foi num rodizio...bla,bla,bla" 

Aì depois que eu pensei tudo isso, eu achei que a dona do restaurante tinha escutado tudo e sò falei o final: "Por que voces nao contratam um brasileiro ao inves de um indiano pra fazer o churrasco?"

Pronto gente. Foi o fim. A dona do restaurante era uma daquelas pessoas beeeeem barraqueiras e o bicho pegou. A mulher fez tanto barraco que eu, que sou polemica e intrigueira mas nao sou barraqueira, nao consegui argumentar.... 

Em minha defesa gostaria de dizer que essas pessoas que fazem barracos, elas sao PROFISSIONAIS: elas gritam, elas arregalam os olhos, elas tremem, elas mexem a mao desesperadamente, elas simulam voar em cima de voce quando voce ameaça abrir a boca... e o pior: elas usam qualquer coisa que voce diga contra voce - porque elas nao tem a menor intençao de entender o que voce tà falando - elas sò querem te matar, e como nao podem, as veias das cabeças delas começam a pular em cima dos olhos e gente... se tem uma coisa que me assuta à morte è  
ver gente com veia pulando!! Me dà um c**asso ENORME, eu nao consigo ver nem escutar nem falar mais nada, fico sò encarando a veia e pensando "vai explodir, vai explodir, vai explodir... vai explodir e espirrar em miiiiimmmmm!!!!!" Eu sei que è uma frescura, mas cara, tenho mò pavor de veia pulando!!

Entao a mulher ficou là gritando um monte de coisa que eu nao escutava - porque eu ficava de olho na veia - e pra terminar a mulher, depois de me chamar de racista e todos outros belos nomes que voces podem imaginar, completou:

"Claro que com um sobrenome desses, sò podia ser racista! Se o garoto fosse branco, voce nunca teria dito nada!"

Poxa...
Essa doeu, hein minha senhora! Mò sacanagem aee.  
O racismo è todo da senhora e da 'senhora sua Veia'! 
Meus avòs podiam ser judeus alemaes que fugiram de Hitler nè nao, abestada?

Eu fico pensando o que acontece com essas pessoas que veem racismo em tudo. Eh verdade que a frase, solta assim, sem explicar toda a minha linha de pensamento anterior, pareceu meio racista, mesmo. Mas a reaçao da mulher foi exagerada! 

Tem um monte de gente que vai em 'restaurante japones' de italiano e reclama que o italiano nao faz bem o sushi. Tem um monte de gente que vai em  'restaurante chines' de italiano e reclama que italiano nao sabe fazer comida chinesa. Tem um monte de gente que vai em padaria de chines e diz que chines nao sabe fazer croissant. Qual o racismo disso? Eh claro que uma pessoa que passou a vida inteira comendo uma certa coisa vai entender melhor como ela deve ser feita! Nao è racismo, è lògica! Manda um alemao que nunca foi ao Brasil fazer feijoada e ve no que que dà! Manda um brasileiro que nunca foi na India fazer um kebab e ve no que que dà! 

Eh pura lògica, minha senhora, nao è racismo nao. O racismo foi todo da senhora, que viu meu sobrenome e pensou que eu fosse filha de nazista.

E a abestada ficou com um òdio tao grande gente, mas um òdio tao grande de mim que continua me perseguindo no facebook. Olha sò o recadinho dengoso que ela deixou no face de uma amiga minha:


Entao, pela resposta da minha amiga imagino que o nome da dona da Veia seja Dalva. Perceberam o òdio mortal?

Mas nao entendi duas coisas:
1. Porque ela me chamou de senhor? Foi sò erro de digitaçao ou ela acha que alèm de nazista sou traveco?

2. "ele è um ser humano, nao um indiano". Uè minha senhora, os indianos sao ETs e a gente nunca descobriu??


Eh isso gente.
Ahhh... è claro que eu ia deixar o nome do restaurante da barraqueira, nè gente? Eu nao sou barraqueira mas sou intrigueira! (turum-dum-tisssss)

ATUALIZAçAO:

A tia nao desiste, gente. Depois de me add como amiga no face e ter um NAO como resposta, ela pediu pra receber as minhas atualizaçoes. Ou seja, a pessoa me odeia, me acha racista, me persegue, me ofende... mas olha que lindo: Ela quer ter noticias minhas! Nao è um amor essa tia, gente??





Serà que eu deixo, hein? hein? hein?


 ........................................
PS:E para os mais curiosos, meus avòs foram para o Brasil logo apòs a primeira guerra, muito antes que Hitler tomasse o poder, muito antes que o partido nazista fosse criado. Meu avo tinha 17 anos e minha avò 12, ambos eram de familia catolica. Eles se conheceram no navio e se casaram quando chegaram ao Brasil.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Minha casa em Ivaipora

Gente, eu jà passei por CADA coisa. Mas CADA coisa que voces nem imaginam. Essa semana, com a història da compra da casa, lembrei das casas onde jà morei e...

... Senta que là vem a història...

Quando passei no vestibular, em 1997, eu fui morar nessa cidade com uma menina da minha cidade natal que ia estudar na mesma faculdade. Como o desfecho dessa convivencia è meio chato (nao chato de vergonhoso, mas chato de entediante, mesmo), eu coloquei essa parte da historia aqui.

Depois de morar com essa menina e depois de alugar um quarto na casa de uma senhora um tanto bizarra (para os mais curiosos eu conto da senhora no link ali em cima) eu resolvi ir morar sozinha!

Zanzando pela cidade eu encontrei uma "casinha" para alugar por mìseros R$35. Nao sei bem quanto isso valia na època, mas, como eu disse eu ganhava R$180 e lembro que um chocolate prestigio custava R$0,35. Aluguei a casa e me mudei, sò contanto aos meus pais quando jà estava na "casa" nova.

A "casa" ficava no quintal da proprietaria da casa, quase encostada na casa dela. Meu novo teto mostrava os tijolos na parte de fora e tinha 3 comodos: um quartinho minusculo, uma cozinha minuscula e um banheiro sem luz, sem janela e... sem porta!

A casa era um horror, mas era A MINHA casa! Nunca consegui decidir o que me incomodava mais naquela casa: a entrada do banheiro (sem porta!) que dava na cozinha, a falta da fechadura na porta de entrada, o cimento batido nas paredes, ou... o buraco por onde eu tinha que enfiar a mao para ligar a torneira do chuveiro, diretamente ligado no cano do lado de fora!

Pensando bem, acho que o 'mais legal' da casa era mesmo o buraco do banheiro, que eu tampava todos os dias e que, por motivos òbvios, todo dia eu encontrava destampado. Eu ficava pensando se meus vizinhos - uma senhora viuva e seus 5 filhos de 17 a 28 anos - achavam mesmo que um dia eu ia chegar là e tirar a roupa sem antes verificar se o buraco estava tampado!

Eu sei que aquela casinha era um horror mesmo, mas eu nutro uma espècie de "amor" por ela. Ela foi testemunha das coisas mais bizarras que jà aconteceram comigo, como por exemplo o dia em que cheguei em casa e, quando fui pegar uma calcinha pra tomar banho, vi que nao tinha mais nenhuma! Algum maniaco (provavelmente um dos meus novos vizinhos, jà que o portao do quintal ficava sempre fechado com um cadeado) entrou em casa e levou embora TODAS as minhas calcinhas! Cara, que sacanagem! O abestado podia ao menos ter deixado UMA para que eu pudesse usar naquela noite, nè? Mas naaaao. Levaram tudo embora!

E depois teve a madrugada em que eu acordei toda molhada e vi que estava chovendo no quarto todo! Peguei minhas melhores roupas e fiquei a noite inteira em pè, com minhas roupas na mao, no meio da cozinha - o unico lugarzinho da casa em que nao chovia!

E depois tinha o filho mais velho da viuva! Ele era um peao boiadeiro que tinha uma academia improvisada na parte de tràs da casa da viuva, bem em frente à minha porta e ao buraco do banheiro. Eu acho que o cara malhava o dia inteiro, ele era CHEIO de musculos! Ele era muito simpatico e bonitinho, seu unico defeito era me atazanar todo dia para malhar com ele: bastava ele me ver chegando pra correr atràs da casa e me perguntar quando eu passava:

"Hoje voce vem?"
"Nao moço, to cansada demais!"

Nunca cheguei muito perto dele, mas alguns dias conseguimos trocar algumas palavras...  pouca coisa, porque ele sempre ficava malhando sem parar, geralmente sem camisa e, pra falar a verdade, era dificil eu conseguir me concentrar! HUHUAHA 

Aquela casa tambem foi o lugar onde mais passei fome. Eu nunca tive coragem de cozinhar nada ali, entao eu sò almoçava  no Detran. Quando eu tinha dinheiro, comprava um pao com mortadela pra comer na facul. Quando nao tinha, ia dormir com fome. Os piores dias eram os finais de semana nos quais eu nao voltava à casa dos meus pais, porque aì eu nao tinha onde almoçar e - em alguns dias - nem dinheiro. Uma dessas vezes em que nao tinha dinheiro eu estava na casa de uma colega de facul e, de improviso, caì no chao. A mae da menina veio correndo dizendo "MEu Deus, menina, voce tà branca!". Eu acho que ela entendeu que eu tava com fome e me chamou pra tomar cafè da tarde rsrsrsrs. Eu nunca disse aos meus pais que passava fome e nunca pedi comida a ninguem. Nao sei bem por que, nao sei se foi vergonha, orgulho... sei là. 

Fiquei naquela casinha por uns 4 meses, atè que minha mae insistiu em vir me visitar. Aì "minha alegria" de morar sozinha acabou: "Voce vai embora dessa casa e vai jà!!!"

E foi assim que eu fui morar em uma "republica"... mas essa è outra historia...



By Gisa